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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Serra, que não queria, vê que Kassab não o quer

 
Serra, que não queria, vê que Kassab não o quer 
Foto: DIVULGAÇÃO
 

Com rejeição nas pesquisas e respingado pelo livro A Privataria Tucana, José Serra, que sempre disse não querer ser candidato a prefeito, vê agora que não o querem; pupilo Gilberto Kassab já busca alternativas: vice-governador Afif, ex-presidente do BC Meirelles e até o secretário Schineider!



Por Agência Estado
20 de Dezembro de 2011 às 09:50
Marco Damiani _247, com Agência Estado – No curto espaço de tempo em que foi prefeito de São Paulo, entre 2005 e 2006, José Serra deixava claro aos seus principais auxiliares que não gostava de exercer o cargo. Nos últimos tempos, ele vem negando a seus interlocutores a vontade de ser candidato a prefeito mais uma vez, no que muitos interpretam como um jogo de cena, que esconde sua necessidade de concorrer ao cargo para recuperar um mandato de destaque. Agora, porém, depois que pesquisas de opinião apontaram altos índices de restrições contra ele e, ainda, o sucesso editorial A Privataria Tucana disseminou suspeitas sobre sua conduta, Serra começa a conhecer a rejeição de seus maiores aliados. Já está sendo assim com o prefeito Gilberto Kassab, que parecia ter reservado ao seu PSD como legenda auxiliar para apoiar o PSDB na recondução de Serra à Prefeitura, mas que, na prática, está à cata de outro nome para concorrer.
A cada oportunidade, Kassab procura estimular os pré-candidatos Guilherme Afif Domingos, vice-governador do Estado, Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e até mesmo o seu secretário de Educação, Alexandre Schineider.
“É uma pessoa qualificada, já foi secretário adjunto de governo, quer continuar na vida pública. Não tenho dúvida nenhuma de que um dia ele poderá ser prefeito e, se for, será um grande prefeito”, afirmou Kassab ontem em entrevista à TV Estadão.
Caso não haja o acordo com os tucanos, o prefeito trabalha para que Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, saia candidato pelo PSD. Ocorre que o economista tem resistido à proposta. Schneider, então, passou a ser apontado como uma opção.
“Nós temos efetivamente muito a mostrar na educação. Se tem algo de que nos orgulhamos, são esses resultados. Schneider é o que ficou mais tempo na secretaria, quase sete anos, por sua qualidade, inteligência e identidade com o tema”, disse o prefeito em relação ao secretário, que migrou do PSDB para o PSD. Os pré-candidatos do PMDB, Gabriel Chalita, e do PT, Fernando Haddad, tem a educação como foco principal de atuação.
O prefeito quer um candidato próprio para defender o seu legado. Petistas e tucanos, por exemplo, já ensaiam bombardear a atual gestão na campanha.
À Folha, em entrevista publicada hoje, Kassab, declarou publicamente sua preferência por outro canditado à prefeitura da capital paulista, no lugar de José Serra: Afif. Leia trechos da entrevista.
Folha - O sr. começará seu último ano de mandato com avaliação em queda, os bens bloqueados e um dos principais projetos, a inspeção veicular, contestado judicialmente.
Gilberto Kassab - Na verdade, contestado pelo Ministério Público. Todos sabem o respeito que eu tenho pelo Ministério Público. Mas o Ministério Público contestar não quer dizer que ele está certo. Cabe ao Poder Judiciário depois dirimir quaisquer dúvidas. Se o Ministério Público estivesse certo sempre, não precisaria ter eleição, eles governariam.
De qualquer maneira, o sr. entra nesse último ano com a avaliação negativa.
As coisas vão muito bem na prefeitura. Todos os programas, todas as áreas. É muito importante saber compreender as pesquisas. A interpretação das pesquisas, para quem está dentro da gestão, é muito favorável.
Muita gente associa a queda de avaliação ao fato de o sr. ter passado este ano muito dedicado à criação do PSD.
Não é verdade. Eu acordo cedo, durmo tarde, me dedico à cidade todos os dias, minha agenda é pública. E por isso, pela ação de todos os secretários e suas equipes, que as coisas estão acontecendo.
O sr. tem dito que sua avaliação será feita nas urnas. Acha essencial ter um candidato que vá defender sua gestão?
Não. O candidato não pode ser escolhido em função dessa questão. O candidato tem de ser escolhido em função de suas qualidades, que seja alguém efetivamente identificado com a cidade e que seja um bom gestor, uma pessoa preparada para ser prefeito.
O sr. tem defendido aliança com o PSDB, mas também propugna que o candidato seja do seu partido.
Não é verdade. Tanto é que eu sempre dou prioridade para a candidatura de José Serra. Não há, da nossa parte, essa questão compulsória que seja um candidato do PSD.
O que eu tenho dito é que é importante mais uma vez que seja escolhido o melhor candidato da aliança. E eu tenho dito sempre que a aliança tem dois bons candidatos hoje, que são o Serra e o Afif.
O sr. acha que um dos dois aceitará ser candidato?
Vamos deixar para janeiro, para conversar com eles. O Serra já tem dito com muito mais clareza que não será candidato. O Afif, em algumas conversas preliminares, tem manifestado a intenção de colaborar, caso a aliança entenda que possa ser ele o candidato, ele analisaria.
O sr. fez ou fará um aceno ao governador Geraldo Alckmin de que, se houver aliança em 2012, o sr. prontamente apoiaria a reeleição dele em 2014?
É evidente. Se estamos numa aliança, se essa aliança é renovada em 2012, é evidente que a sequência natural é ela continuar em 2014. Se ele é o governador e é candidato à reeleição, teria o nosso apoio.
O sr. acha os quatro pré-candidatos do PSDB viáveis?
Não quero ser desrespeitoso com ninguém. São pessoas que considero amigas, que têm história na vida pública. Eu prefiro não fazer nenhuma manifestação agora, até porque estão disputando prévia. Eu posso afirmar que, com certeza, os candidatos que eu vejo identificados e possíveis de serem apoiados pela aliança são o Serra e o Afif.
O Datafolha mostra grande influência do ex-presidente Lula na eleição. O sr. teme que o PT volte a vencer em São Paulo?
Não sei por que temer. Defendo alternância no poder. O ex-presidente Lula é uma pessoa muito bem avaliada, tanto é que se elegeu, se reelegeu e fez sua sucessora.
Mas já era há quatro anos, quando apoiou a Marta, e eu venci. Não quero dizer que não seja importante, mas se fosse definitivo não precisava haver eleições. Era só esperar 1º de janeiro para passar a faixa para Haddad.
Qual a influência de José Serra no seu governo?
Uma influência grande, de quem é ouvido, de quem foi eleito num primeiro momento, e tem aqui ainda uma equipe que deixou como legado. É uma pessoa presente na administração.
Ao mesmo tempo que o sr. fala em aliança com o PSDB em SP seu partido está próximo à presidente Dilma. É difícil se manter no fio da navalha?
Não é verdade. É um partido independente no plano federal e que até 2014 será independente. Portanto, não há a menor possibilidade de estarmos integrados ao governo da Dilma. Porque este é o nosso compromisso.
Se Dilma oferecer um ministério ao PSD na reforma ministerial a resposta será não?
Será não. Posso lhe afirmar. Caso ela queira convidar alguém que é filiado ao partido, essa pessoa, se quiser aceitar, terá de se afastar temporariamente. Não será uma indicação partidária.
Eu não me sinto à vontade de apoiar o governo da presidente Dilma. Eu não a apoiei na eleição, apoiei o Serra. Posso recomendar que os deputados votem a favor de seus projetos, como na DRU, mas não integrar o governo.
Caso em 2014 se repitam os mesmos candidatos, Dilma e Serra, o sr. manterá a posição?
É muito difícil eu não ficar ao lado do ex-governador Serra. Mas a posição do partido será uma. Essa é a minha posição pessoal. O partido vai definir com toda a liberdade, terá sua convenção. Não é porque eu sou presidente do partido que eu sou dono.
Na sabatina da Folha, em junho, o sr. deu nota dez à sua gestão. Que nota dá agora?
Dez de novo. Só falta você achar que uma gestão não vai dar dez. Significa não acreditar no que está sendo feito.
Mas dez não significa que não há mais nada a ser feito?
Não. É dez dentro de sua intenção, de sua conduta.

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