MARCAÇÃO DE CONSULTAS

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terça-feira, 5 de março de 2013

Guerra interna no PDT tem reflexo direto sobre 2014

Marco Damiani _247 – A luta interna está rasgada no PDT fundado por Leonel Brizola (1922-2004). Mesmo quando ele liderava a legenda, as desavenças eram corriqueiras – e sempre terminavam em expulsão ou enquadramento dos dissidentes. Afinal, ali havia um chefe político incontestável. Agora, no entanto, o quadro é outro.
Presidido pelo ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, que deixou o governo sob suspeita de corrupção e pesadas críticas da presidente Dilma Rousseff, o PDT tem um papel estratégico a cumprir na sucessão de 2014. Caso Lupi se mantenha à frente da máquina partidária, na eleição que vai acontecer durante a Convenção Nacional da legenda, no dia 23, o partido passará o recado de que estará se afastando da base aliada do governo. O caminho, então, passo a passo, deverá ser na direção ao apoio ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, em seus planos de suceder a presidente, em 2014.
Para a hipótese de vencer o atual ministro do Trabalho Brizola Neto, que pode ser ele próprio candidato ao cargo ou apoiar o ex-prefeito de Porto Alegre Alceu Collares, o PDT estará definitivamente fechado com a sustentação política da presidente.
"O Brizola significa o alinhamento total ao projeto Dilma-PT. O Lupi pode significar outra coisa", resume o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). "É uma alternativa de alinhamento ou de independência."
Como bandeira, o grupo liderado por Brizola Neto critica a falta de democracia interna no PDT. "Entendo que todas as decisões deveriam ser tomadas de forma coletiva dentro do partido, o que não vem acontecendo", critica o atual ministro Brizola Neto. A irmã dele, deputada estadual pelo PDT gaúcho Juliana Brizola, faz coro. "Não dá mais para que um presidente se perpetue no poder sem ter representação e identificação popular", argumenta Juliana. "O estatuto está datado, é da época do meu avô. Não foi feito por Brizola, mas para o Brizola", distingüe. Ela afirma com todas as letras a disposição de seu grupo. "A gente entende que é muito importante esse caminhar com a presidente Dilma. Para mim, a Dilma é o meu avô Leonel Brizola na Presidência da República. E melhor: ela é mulher."
Nessa arenga, acaba de entrar o ex-marido da presidente Dilma, Carlos Araújo. Militante histórico do PDT, pelo qual foi deputado estadual no Rio Grande do Sul e duas vezes candidato a prefeito de Porto Alegre, ele se desfiliou do partido em 2004, mas resolveu, agora, voltar a assinar ficha de filiação para combater o que considera ser o mandonismo de Lupi.
"O PDT se afastou do trabalhismo", diz Araújo. Ele evita, em declarações públicas, bater de frente com Lupi, mas é um dos mais ativos, nos bastidores, a trombar com o ex-ministro. Atento à leitura do quadro interno da agremiação, Araújo admitiu, em entrevista ao jornal Sul 21, que a luta contra o ex-ministro é dura. "Vai ser muito difícil uma renovação agora", admtiu.
A mesma leitura é feita pelos sindicalistas da Força Sindical, ligados ao deputado federal Paulo Pereira da Silva. Eles foram procurados pelo ministro Brizola Neto em busca de apoio da Convenção, mas manifestaram a alternativa de uma composição. "Nós não somos trotskistas para perder uma disputa apenas para marcar posição", disse ao 247 o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves. "Nossa estratégia é pela acumulação de forças e, nesta medida, achamos que é possível compor com Lupi nos demais cargos da direção do partido".
Para Juruna, as chances do grupo do ministro Brizola são pequenas, o que não deveria significar uma luta fraticida, que termine num racha do partido "É preciso pacificar internamente o PDT, pararmos de brigar entre nós para avançar de maneira unida", sustenta o sindicalista. Ele foi um dos dirigentes da Força Sindical que se reuniram com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, na segunda-feira 4, em Recife. "Não tenho dúvidas de que, se o governador concorrer à Presidência da República,  muitos dirigentes nossos estarão com ele", acrescentou o líder sindical filiado há mais de uma década ao PDT.
O clima, no entanto, está quente demais para se garantir que a atual luta interna não terminará numa divisão irreconciliável. Para os Brizola, deixar o partido fundado pelo avô será um trauma, mas conviver sob o comando do ex-ministro Lupi vai se mostrando insuportável. O mesmo acontece em relação a Carlos Araújo e o grupo de pedetistas mais próximo à presidente Dilma. Ela já foi militante do partido e admiradora confessa de Leonel Brizola. Bater em retirada após a convenção, para Carlos Araújo e seus próximos seria deixar as coisas fáceis demais para Lupi, caso ele vença mesmo a Convenção. No entanto, quanto mais a eleição presidencial de 2014 se aproximar, mais difícil será a manutenção da atual correlação de forças dentro do partido.

Brasil247

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