Apesar
de muita gente não ter se dado conta, é um fato claramente escancarado a
todos: João Emanuel Carneiro é o grande responsável pela situação
preocupante de “Salve Jorge”, que não consegue decolar nos índices de
audiência nem tão pouco manter os que a antecessora deixou. E qualquer
novela que substituísse “Avenida Brasil”, pelo seu tamanho sucesso,
encontraria dificuldades na aceitação de parte do público.
Esse fenômeno é comum e absolutamente compreensível. Mas não é
somente isso que está acontecendo. Todo mundo sabe que – e aí está o
motivo de tanto sucesso – “Avenida Brasil” estabeleceu um novo padrão de
qualidade para novelas e o telespectador, claro, se acostumou. Em
outras palavras, é como se o autor da última trama, indiscutivelmente o
melhor da atualidade, estivesse jogando contra a Globo. O patamar em que
“Avenida Brasil” se encontra parece ser inalcançável para qualquer
outro novelista.
A novela de Glória Perez está longe de ser ruim. Com grandes
atores, trabalho de fotografia impecável, história sedutora e um texto
muito bem elaborado, “Salve Jorge” é tão boa como outras novelas da
autora, responsável por sucessos memoráveis. Sem dúvida, em outra época,
o folhetim estaria com uma repercussão infinitamente superior.
Mas “Salve Jorge” ainda está longe de chegar aonde “Avenida”
chegou. Para isso, é necessário ter um “último capítulo” todo dia –
inclusive aos sábados -, mexer de forma intensa com o público a cada
cena... Os ganchos do último folhetim eram incomparáveis; e quem não se
lembra das personagens congeladas?
Não é questão de fazer apologia a esse ou aquele novelista. É constatação.
“Salve Jorge” pode até ter grandes atores, uma grande história, que
emocione, tire o fôlego e faça rir ou até mesmo possuir grandes
personagens. “Salve Jorge” pode ser escrita por uma grande autora. Mas
“Salve Jorge” ainda está longe de ser uma grande novela e ter uma grande
audiência.
Por um detalhe: “Avenida Brasil” mudou o conceito de “grande” na TV.
natelinha.com.br
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