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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Luís Cardoso: Telefone de Décio estava grampeado

Décio Sá foi executado com cinco tiros em um restaurante na Avenida Litorânea. Foto: Imirante
Décio Sá foi executado com cinco tiros em um restaurante na Avenida Litorânea. Foto: Imirante
A mim não resta mais nenhuma dúvida: o telefone do jornalista Décio Sá estava sim grampeado pelo grupo que mandou executá-lo na noite do dia 23, por volta das 23h, no bar Estrela do Mar, na avenida Litorânea.
E explico: naquela fatídica noite, liguei para o Décio por volta das 21h de um restaurante no Calhau para confirmar que iríamos jantar no estabelecimento onde o aguardava. Ele confirmou da redação do jornal O Estado do Maranhão que iria.
Não demorou alguns minutos, chegou ao local uma moto, que estacionou próximo ao local de onde estava naquele momento com alguns amigos jornalistas.
Um amigo ligou para saber em que local eu estava. Disse a ele que em um resturante, no Calhau. Ele, que é filho de dono de um jornal da cidade, foi até lá.
Fomos conversar um pouco afastado, mas próximo da saída do restaurante. Ele estranhou a presença de um motoqueiro, também numa moto da mesma caraterística da usada pelos assassinos de Décio Sá. E ainda falou: “Amigo, não confie em moto no período da noite”. Passavam poucos minutos das 22h e o motoqueiro foi embora.
O que fazia um motoqueiro próximo do local de onde estávamos aguardando Décio Sá? O que o teria levado até lá, se não entrou no restaurante, não estava esperando ninguém e nem estava a serviço do estabelecimento comercial? Por que saiu de lá exatamente no horário em que Décio Sá combinou com o amigo Fábio Câmara para comerem a caranguejada na Litorânea? São respostas que a polícia que investiga o caso deve procurar saber.
Mas, ontem, quando lí o depoimento da evangélica, que presenciou quando o matador subiu o morro. Fiquei intrigado com o fato da cabeça do morro, onde um carro e mais dos elementos aguardavam o assassino, ficar uns 30 metros do restaurante onde estávamos. A área externa do estabelecimento tem monitoramento eletrônico e a polícia sabe, mas não foi recolher o que possa ter sido gravado até agora.
Conto esses detalhes para que o assassinato de Décio Sá não fique impune. Não mataram apenas um jornalista, como disse o ministro Edison Lobão, mas assassinaram a democracia, e feriram de morte a liberdade.
Mas do que nunca se faz necessário que a nossa classe esteja unida neste momento. É preciso que tenhamos a coragem e o faro investigativo de Décio Sá em busca dos fatos reais que possam elucidar o crime.
Como tem dito o colega Marco Aurélio Deça, não podemos ficar apenas lamentando ou chorando a morte do companheiro Décio Sá. É dever de cada um de nós cobrar a apuração deste e de outros crime cometidos pela pistolagem.

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