Lateral-direito fala sobre a saída inesperada do clube e condena justificativa do vice de futebol André Silva: ‘Não foi por causa da torcida’
Alessandro não esperava receber um adeus do Botafogo agora. Apesar do término do contrato, havia um termo de compromisso firmado por ele que previa a renovação por mais duas temporadas. A assinatura do presidente Maurício Assumpção, no entanto, não foi para o papel, e o jogador ouviu da diretoria a decisão de dispensá-lo. A relação conturbada com a torcida foi apontada pelo clube como determinante no seu caso.
Na manhã desta terça-feira, o lateral-direito convocou a imprensa para uma entrevista coletiva. No salão de festas do prédio onde vive, em Niterói, falou pela primeira vez sobre a saída do Alvinegro. Mostrou-se surpreso, chateado e contestou a justificativa do clube.
- Em 16 de outubro, o Anderson (Barros, gerente de futebol) me chamou, queria renovar meu contrato por mais dois anos. Eu assinei esse termo de compromisso, e só faltava a assinatura do presidente. Os dias foram passando, não peguei a cópia do contrato, até porque acreditava nas pessoas. Para minha surpresa, quando entrei de férias, o Anderson me chamou para uma reunião falando que o Botafogo não contava mais comigo para o ano que vem. Me pegou um pouco de surpresa, as pessoas sabem da minha importância ali dentro, mas infelizmente não vai dar para permanecer. Acho que não tem nada a ver com desgaste de torcida, não era o problema. Fico um pouco chateado, acho que não merecia passar por isso, confiei nas pessoas ali dentro, não foram corretos comigo nessa parte. Quando assinei esse termo de contrato, acabei planejando a vida toda, envolve a família, os filhos. Se não quisessem a permanência, eles não me chamariam, e eu seguiria a minha vida. Mas a gente tem que aceitar, não são obrigados a ficar comigo.
Em pouco mais de meia hora de entrevista, Alessandro quase não sorriu. Quando o fez, foi discreto. Sair do clube desta maneira não estava nos planos. De meados de 2007 até o fim de 2011, foram 241 jogos, sendo 206 como titular, e 14 gols. Títulos? Só um. O Carioca de 2010. Críticas? Muitas. Aos 34 anos, sofreu nos últimos tempos com a falta de empatia com os torcedores. Quando a equipe ia mal em campo, era quase sempre o primeiro a ser vaiado.
- Alegaram que havia oposição lá dentro, mas quem manda no clube é o presidente. Eles têm de dizer a razão para vocês (jornalistas). Fico chateado pela maneira como as coisas foram conduzidas. O único que demonstrou que queria que eu ficasse no clube foi o Anderson Barros. O presidente e o vice-presidente não queriam a minha permanência. Vi uma declaração do André Silva dizendo que era por conta da relação com a torcida, mas acho que ele foi infeliz. Não foi a torcida. Terminei o ano bem com a torcida. Saio na rua e encontro torcedores que estão tristes com a minha saída. Dei a cara muitas vezes nos momentos difíceis por ser um dos mais experientes. Não merecia isso. É um momento de tristeza, mas fico feliz por saber o quanto fiz pelo Botafogo.
Alessandro assegura que não está magoado com os dirigentes, mas ao mesmo tempo é crítico. Acha que virou bode expiatório.
- Talvez eles (dirigentes) não sejam tão fortes, não estejam tão preparados para superar essa pressão do clube. Creio que estão procurando ver o lado deles também. Com certeza dá um pouco de alívio (a saída do jogador). Talvez minha situação poderia ter sido diferente em caso de vaga na Libertadores ou título. Mas minha permanência não estava condicionada a isso. Isso não estava no meu contrato.
Segundo o lateral, não houve interferência do técnico Oswaldo de Oliveira, que ainda vai assumir o clube, na decisão.
- Não tem, não. Até porque meu empresário (Frederico Moraes) tem boa relação com o Oswaldo. Ele conversou com o Oswaldo, que disse que confiava em mim, que contava comigo. Se fosse problema, ele falaria que não queria. Não é problema do treinador.
A partir de agora, depois do desabafo, Alessandro vai pensar no futuro. Ele diz que algumas propostas de clubes brasileiros já estão nas mãos do seu empresário. O destino ainda é incerto, mas o ex-camisa 2 alvinegro sai do Bota de cabeça erguida.
- Levo muita coisa positiva. O Botafogo me fez crescer muito na profissão, me fez crescer como jogador, como ser humano. Ninguém queria passar pelo que passei aqui dentro. Superei muita coisa. De negativo, levo os momentos em que me dediquei em campo e os torcedores vaiaram. Isso foi uma coisa que me deixou chateado, mas consegui superar isso. É muito difícil jogar no Botafogo, tem que ter muita personalidade. Nunca deixei de ter, vou levar para o resto da minha vida. Isso eu não vou esquecer, só me deu força para superar as dificuldades.
O jogador conta que pensou em deixar o clube em abril, depois da recepção hostil dos torcedores no Rio com a eliminação precoce da equipe na Copa do Brasil.
- Naquele episódio no aeroporto, cheguei a falar na imprensa que seria meu último ano, que cumpriria meu contrato. Mas as coisas foram mudando, o vento foi soprando a meu favor, a equipe começou bem o Brasileiro, pintou a possibilidade de renovação, fiquei bastante feliz e passei a pensar em encerrar a carreira mesmo no clube. Mas as coisas não deram certo. É levantar a cabeça e vida que segue bola para frente. O Botafogo não será o último clube na minha carreira, não vou parar por causa disso.
Na saída, Alessandro também comentou o fim de ano melancólico do Botafogo. De candidato ao título, o time encerrou a temporada como único carioca fora da zona de classificação para a Libertadores. Ele negou qualquer tipo de problema de relacionamento entre os jogadores ou do grupo com o ex-técnico Caio Júnior, mas disse que faltou comprometimento de alguns companheiros.
- Erramos quando não poderíamos errar, miramos muito o título, tivemos possibilidade de serem líderes várias vezes, mas quando não tínhamos mais chances de conquistar o Brasileiro relaxamos e ficamos até fora dos Libertadores. Alguns jogadores se comprometeram mais, outros menos. Mas isso é de cada um. Precisávamos de mais comprometimento. A gente via jogadores desanimados quando a equipe não podia mais ser campeã. Faltou ânimo, alegria.
Em vários momentos da entrevista repetiu que fez e deu o melhor pelo clube. Diz que serviu de escudo nos momentos críticos e guarda com carinho especial o único título da passagem por General Severiano.
- Vou ficar marcado pelo título carioca que ganhamos em cima do Flamengo. Perdi dois títulos cariocas para o Flamengo (2008 e 2009), mas pelo menos ganhei um. Isso vai ficar marcado para os torcedores que se lembrarem do título de 2010. Vão se lembrar de mim. Não vou agradar a todos, mas me entreguei, dei o máximo. Tive comprometimento nos momentos bons e ruins, procurei dar satisfação aos torcedores, agradeço aos que me apoiaram, que sabiam da minha importância. Agradeço aos que me xingaram (risos), eles me deram força para me superar. Não tenho raiva ou mágoa da torcida do Botafogo. Seria injusto criticar os torcedores do Botafogo. Onde estiver, estarei torcendo pelo clube. Tomara que em 2012 eles possam conseguir os objetivos deles. E, na hora em que o bicho estiver pegando, quero ver o que vão fazer. Até a imprensa vai sentir saudade. Mas podem me ligar que eu atendo (risos).
globoesporte.com
Na manhã desta terça-feira, o lateral-direito convocou a imprensa para uma entrevista coletiva. No salão de festas do prédio onde vive, em Niterói, falou pela primeira vez sobre a saída do Alvinegro. Mostrou-se surpreso, chateado e contestou a justificativa do clube.
Alessandro se mostrou decepcionado com a diretoria do Botafogo
(Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
Em pouco mais de meia hora de entrevista, Alessandro quase não sorriu. Quando o fez, foi discreto. Sair do clube desta maneira não estava nos planos. De meados de 2007 até o fim de 2011, foram 241 jogos, sendo 206 como titular, e 14 gols. Títulos? Só um. O Carioca de 2010. Críticas? Muitas. Aos 34 anos, sofreu nos últimos tempos com a falta de empatia com os torcedores. Quando a equipe ia mal em campo, era quase sempre o primeiro a ser vaiado.
- Alegaram que havia oposição lá dentro, mas quem manda no clube é o presidente. Eles têm de dizer a razão para vocês (jornalistas). Fico chateado pela maneira como as coisas foram conduzidas. O único que demonstrou que queria que eu ficasse no clube foi o Anderson Barros. O presidente e o vice-presidente não queriam a minha permanência. Vi uma declaração do André Silva dizendo que era por conta da relação com a torcida, mas acho que ele foi infeliz. Não foi a torcida. Terminei o ano bem com a torcida. Saio na rua e encontro torcedores que estão tristes com a minha saída. Dei a cara muitas vezes nos momentos difíceis por ser um dos mais experientes. Não merecia isso. É um momento de tristeza, mas fico feliz por saber o quanto fiz pelo Botafogo.
Alessandro assegura que não está magoado com os dirigentes, mas ao mesmo tempo é crítico. Acha que virou bode expiatório.
- Talvez eles (dirigentes) não sejam tão fortes, não estejam tão preparados para superar essa pressão do clube. Creio que estão procurando ver o lado deles também. Com certeza dá um pouco de alívio (a saída do jogador). Talvez minha situação poderia ter sido diferente em caso de vaga na Libertadores ou título. Mas minha permanência não estava condicionada a isso. Isso não estava no meu contrato.
Segundo o lateral, não houve interferência do técnico Oswaldo de Oliveira, que ainda vai assumir o clube, na decisão.
- Não tem, não. Até porque meu empresário (Frederico Moraes) tem boa relação com o Oswaldo. Ele conversou com o Oswaldo, que disse que confiava em mim, que contava comigo. Se fosse problema, ele falaria que não queria. Não é problema do treinador.
A partir de agora, depois do desabafo, Alessandro vai pensar no futuro. Ele diz que algumas propostas de clubes brasileiros já estão nas mãos do seu empresário. O destino ainda é incerto, mas o ex-camisa 2 alvinegro sai do Bota de cabeça erguida.
- Levo muita coisa positiva. O Botafogo me fez crescer muito na profissão, me fez crescer como jogador, como ser humano. Ninguém queria passar pelo que passei aqui dentro. Superei muita coisa. De negativo, levo os momentos em que me dediquei em campo e os torcedores vaiaram. Isso foi uma coisa que me deixou chateado, mas consegui superar isso. É muito difícil jogar no Botafogo, tem que ter muita personalidade. Nunca deixei de ter, vou levar para o resto da minha vida. Isso eu não vou esquecer, só me deu força para superar as dificuldades.
O jogador conta que pensou em deixar o clube em abril, depois da recepção hostil dos torcedores no Rio com a eliminação precoce da equipe na Copa do Brasil.
- Naquele episódio no aeroporto, cheguei a falar na imprensa que seria meu último ano, que cumpriria meu contrato. Mas as coisas foram mudando, o vento foi soprando a meu favor, a equipe começou bem o Brasileiro, pintou a possibilidade de renovação, fiquei bastante feliz e passei a pensar em encerrar a carreira mesmo no clube. Mas as coisas não deram certo. É levantar a cabeça e vida que segue bola para frente. O Botafogo não será o último clube na minha carreira, não vou parar por causa disso.
Alessandro: 'Vou ficar marcado pelo título em cima do Flamengo'
(Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)
- Erramos quando não poderíamos errar, miramos muito o título, tivemos possibilidade de serem líderes várias vezes, mas quando não tínhamos mais chances de conquistar o Brasileiro relaxamos e ficamos até fora dos Libertadores. Alguns jogadores se comprometeram mais, outros menos. Mas isso é de cada um. Precisávamos de mais comprometimento. A gente via jogadores desanimados quando a equipe não podia mais ser campeã. Faltou ânimo, alegria.
Em vários momentos da entrevista repetiu que fez e deu o melhor pelo clube. Diz que serviu de escudo nos momentos críticos e guarda com carinho especial o único título da passagem por General Severiano.
- Vou ficar marcado pelo título carioca que ganhamos em cima do Flamengo. Perdi dois títulos cariocas para o Flamengo (2008 e 2009), mas pelo menos ganhei um. Isso vai ficar marcado para os torcedores que se lembrarem do título de 2010. Vão se lembrar de mim. Não vou agradar a todos, mas me entreguei, dei o máximo. Tive comprometimento nos momentos bons e ruins, procurei dar satisfação aos torcedores, agradeço aos que me apoiaram, que sabiam da minha importância. Agradeço aos que me xingaram (risos), eles me deram força para me superar. Não tenho raiva ou mágoa da torcida do Botafogo. Seria injusto criticar os torcedores do Botafogo. Onde estiver, estarei torcendo pelo clube. Tomara que em 2012 eles possam conseguir os objetivos deles. E, na hora em que o bicho estiver pegando, quero ver o que vão fazer. Até a imprensa vai sentir saudade. Mas podem me ligar que eu atendo (risos).
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