A Paramentos Religiosos Ateliê tem faturamento de R$ 40 mil ao mês.
No interior do MA, Nazaré aprendeu costura às escondidas de ex-marido.
Todos os domingos, quando a empresária maranhense Maria de Nazaré Nascimento, de 49 anos, vai à missa, não é só na celebração que ela presta atenção. Depois de fazer suas orações, ela dá uma “olhadinha na roupa do padre” para saber se a veste está caindo bem ou se precisa de ajustes. Isso porque, na maioria das vezes, os trajes do sacerdote são de autoria dela, em um negócio que fatura cerca de R$ 40 mil ao mês e já tem compradores em todo o Brasil e até na Itália, o Paramentos Religiosos Ateliê.
“As vestes que ela faz são muito elogiadas e já têm credibilidade aqui na Arquidiocese de São Luís (...). É difícil e caro encontrar as roupas, que chamamos de paramentos litúrgicos, com qualidade. Procuramos só em lojas especializadas. Com a confecção local, fica mais acessível para adquirir”, opina o padre Heitor Morais, que é cliente da empresária.
“As vestes que ela faz são muito elogiadas e já têm credibilidade aqui na Arquidiocese de São Luís (...). É difícil e caro encontrar as roupas, que chamamos de paramentos litúrgicos, com qualidade. Procuramos só em lojas especializadas. Com a confecção local, fica mais acessível para adquirir”, opina o padre Heitor Morais, que é cliente da empresária.
Nazaré com o atual marido e as filhas; todos trabalham juntos na empresa
Quando fala sobre o crescimento da empresa, hoje com 11 funcionários e mais um em fase de contratação, Nazaré diz “não acreditar em como tudo aconteceu”. Em Grajaú, uma cidadezinha com 62 mil habitantes no interior do Maranhão, ela aprendeu a costurar às escondidas do ex-marido que, de acordo com ela, não a deixava sair de casa. “Nunca imaginei que aprender a costurar ia mudar tanto a minha vida. Eu sofri muito no meu casamento”, conta.
Como o ex-marido era motorista, Nazaré aproveitava as viagens dele para aprender corte e costura. A empresária diz que sempre quis fazer roupas religiosas. “Quando criança, eu estudava em colégio de freiras. Eu via e falava, ‘quando crescer, vou fazer essas vestes’”.
Como o ex-marido era motorista, Nazaré aproveitava as viagens dele para aprender corte e costura. A empresária diz que sempre quis fazer roupas religiosas. “Quando criança, eu estudava em colégio de freiras. Eu via e falava, ‘quando crescer, vou fazer essas vestes’”.
Às vezes fico pensando como foi que eu consegui chegar aqui (...) Nunca é tarde para ser feliz. Para mim, tudo na minha vida foi um milagre"
Maria de Nazaré Nascimento
Foi com a ajuda financeira do avô que ela se inscreveu em um curso de costura e frequentou as aulas por três meses e meio, em uma das viagens do ex-marido. Dicas de como fazer as vestes vieram de freiras de uma igreja do bairro. Um primo padre foi fundamental para ensinar a simbologia e a cor de cada peça da igreja católica.
Ainda às escondidas, Nazaré começou a costurar roupas para os vizinhos, em encomendas para todo tipo de ocasião. Para o trabalho, Nazaré tinha duas máquinas. Uma ela ganhara do próprio marido, que fez a compra para que a mulher consertasse as roupas da família – são quatro filhos. A outra foi adquirida por uma vizinha. “Ela comprou para mim e eu fui pagando aos poucos”, diz.
RecomeçoApós 19 anos de casada, Nazaré resolveu pedir ajuda a uma prima advogada e se divorciou. Em 2001, com o fim do relacionamento, precisou recomeçar a vida. Sem dinheiro – ela não quis nada do ex-marido – vendeu um sítio do falecido pai por R$ 7 mil. Metade ficou para a mãe. Com os R$ 3,5 mil restantes, mais as duas máquinas de costura, ela partiu rumo a São Luís e investiu nos paramentos.
Ainda às escondidas, Nazaré começou a costurar roupas para os vizinhos, em encomendas para todo tipo de ocasião. Para o trabalho, Nazaré tinha duas máquinas. Uma ela ganhara do próprio marido, que fez a compra para que a mulher consertasse as roupas da família – são quatro filhos. A outra foi adquirida por uma vizinha. “Ela comprou para mim e eu fui pagando aos poucos”, diz.
RecomeçoApós 19 anos de casada, Nazaré resolveu pedir ajuda a uma prima advogada e se divorciou. Em 2001, com o fim do relacionamento, precisou recomeçar a vida. Sem dinheiro – ela não quis nada do ex-marido – vendeu um sítio do falecido pai por R$ 7 mil. Metade ficou para a mãe. Com os R$ 3,5 mil restantes, mais as duas máquinas de costura, ela partiu rumo a São Luís e investiu nos paramentos.
Empresa recebe visita de consultores do Sebrae,
que ajudaram Nazaré a expandir negócio
que ajudaram Nazaré a expandir negócio
Quando chegou à capital maranhense, Nazaré fez uma exposição com dez peças em uma casa alugada num bairro da periferia, o Parque Timbira. Uma frequentadora da Igreja da Sé viu e falou com o então bispo, que ofereceu à empresária uma sala para uma exposição com 30 peças no salão paroquial da igreja. O evento rendeu os primeiros pedidos, que não pararam mais.
Apesar de nunca ter feito as contas de quantas peças produz atualmente ao mês, Nazaré afirma que há dias em que ficam prontos mais de 30 modelos, entre túnicas, hábitos para frades, monges e freiras, estolas, véus, casulas e batinas. Há ainda peças para a missa, como toalhas de altar, e roupas para pastores evangélicos, entre outros. O preço das peças é variado, de menos de R$ 100 a mais de R$ 1 mil - alguns modelos chegam a ser bordados com fios de ouro.
“Depois que fiz a exposição, comecei a ter mais pedidos. Aí, precisou de mais de uma pessoa para ajudar, depois de mais uma, mais outra, e a empresa foi crescendo”, revela.
Primeiros metros de tecidoQuando se mudou para capital, Nazaré levou apenas dois dos quatro filhos. As duas meninas ficaram com a avó em Grajaú para estudar. Mais velhos, os dois meninos acompanharam. De acordo com a empresária, a situação no começo era tão difícil que um dos filhos “não aguentou” e retornou a Grajaú. O outro arrumou um emprego onde trabalha até hoje.
A empresária diz que chegou a racionar alimento em casa para conseguir comprar os primeiros metros de tecido. “Eu comprava um metro e meio para montar uma peça, com o dinheiro que recebia comprava mais um metro e meio para outra (...). O lucro que eu tinha eu mandava para as minhas filhas”, revela.
Com a prosperidade do negócio, Nazaré não cansa de fazer comparações. “Antes eu comprava um metro e meio [de tecido]. Hoje compro até dez peças, com 50 metros cada, tudo de uma vez.” A maioria dos fornecedores são de São Paulo ou do Sul do país. Se antes Nazaré tinha de chorar para comprar fiado na loja do bairro, atualmente muitas compras são feitas em pacotes pela internet.
Apesar de nunca ter feito as contas de quantas peças produz atualmente ao mês, Nazaré afirma que há dias em que ficam prontos mais de 30 modelos, entre túnicas, hábitos para frades, monges e freiras, estolas, véus, casulas e batinas. Há ainda peças para a missa, como toalhas de altar, e roupas para pastores evangélicos, entre outros. O preço das peças é variado, de menos de R$ 100 a mais de R$ 1 mil - alguns modelos chegam a ser bordados com fios de ouro.
“Depois que fiz a exposição, comecei a ter mais pedidos. Aí, precisou de mais de uma pessoa para ajudar, depois de mais uma, mais outra, e a empresa foi crescendo”, revela.
Primeiros metros de tecidoQuando se mudou para capital, Nazaré levou apenas dois dos quatro filhos. As duas meninas ficaram com a avó em Grajaú para estudar. Mais velhos, os dois meninos acompanharam. De acordo com a empresária, a situação no começo era tão difícil que um dos filhos “não aguentou” e retornou a Grajaú. O outro arrumou um emprego onde trabalha até hoje.
A empresária diz que chegou a racionar alimento em casa para conseguir comprar os primeiros metros de tecido. “Eu comprava um metro e meio para montar uma peça, com o dinheiro que recebia comprava mais um metro e meio para outra (...). O lucro que eu tinha eu mandava para as minhas filhas”, revela.
Com a prosperidade do negócio, Nazaré não cansa de fazer comparações. “Antes eu comprava um metro e meio [de tecido]. Hoje compro até dez peças, com 50 metros cada, tudo de uma vez.” A maioria dos fornecedores são de São Paulo ou do Sul do país. Se antes Nazaré tinha de chorar para comprar fiado na loja do bairro, atualmente muitas compras são feitas em pacotes pela internet.
Ateliê produz estolas, hábitos, casulas e túnicas,
entre outras peças
entre outras peças
Nazaré afirma que a empresa passou a crescer muito rápido e, há cerca de três anos, pediu ajuda do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para organizar os negócios. “Eu tive condição de mudar para uma casa no centro, uma casa alugada da Arquidiocese de São Luís, o bispo fez um bom preço para mim. Aí, saí do Parque Timbira. Como aqui [no centro] tem muitas igrejas, foi tudo de bom, mas chegou num momento que eu não dei mais conta de levar sozinha”, disse.
Com a dica do Sebrae, a empresária fez vários cursos, como de computação e administração. Recebeu também a sugestão para entrar na faculdade. Hoje está no segundo ano do curso de administração. As duas filhas se mudaram para São Luís e trabalham com a mãe, que casou de novo - e o atual marido também atua na empresa. “Aqui tem muito trabalho”, diz.
A empresária, que disse ter tido dificuldade para conseguir crédito dos bancos quando precisou comprar a primeira máquina de bordar, que custou cerca de R$ 23 mil na época, hoje está fechando negócio para a compra do ponto próprio, também no centro. A casa do Parque Timbira, onde começou os negócios, também foi adquirida por ela e está alugada.
“Aqui já está pequeno. No novo ponto, eu estou querendo fazer a loja com o ateliê nos fundos”, diz.
Com a dica do Sebrae, a empresária fez vários cursos, como de computação e administração. Recebeu também a sugestão para entrar na faculdade. Hoje está no segundo ano do curso de administração. As duas filhas se mudaram para São Luís e trabalham com a mãe, que casou de novo - e o atual marido também atua na empresa. “Aqui tem muito trabalho”, diz.
A empresária, que disse ter tido dificuldade para conseguir crédito dos bancos quando precisou comprar a primeira máquina de bordar, que custou cerca de R$ 23 mil na época, hoje está fechando negócio para a compra do ponto próprio, também no centro. A casa do Parque Timbira, onde começou os negócios, também foi adquirida por ela e está alugada.
“Aqui já está pequeno. No novo ponto, eu estou querendo fazer a loja com o ateliê nos fundos”, diz.
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