Ministro bate pé e ganha prazo até 15h para ceder
Diante dos políticos do PMDB, Pedro Novais foge do combinado e diz querer ficar no cargo “para enfrentar a crise”; partido pressiona para que ele se demita; concedido prazo até 3 da tarde para Novais pedir o boné; presidente Dilma aguarda
Estava tudo certo para que, na reunião com o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), o ministro do Turismo, Pedro Novais, aceitasse deixar o ministério e já escrevesse sua carta de demissão. Mesmo sem o apoio do seu partido e até do líder, Novais esperneou, pediu para ficar no cargo, e enfrentar a crise.
A situação do peemedebista maranhense ficou insustentável depois de revelações da Folha de S. Paulo de que mal uso de verba pública. Ele pagou, durante sete anos em que foi deputado, governanta de sua casa com dinheiro da Câmara dos Deputados. Sua mulher utiliza atualmente como motorista um funcionário do gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA), que não trabalha na Câmara.
Depois da sucessão de denúncias que o atingem diretamente, Novais perdeu o apoio de seu partido. O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, disse hoje que a legenda não pode se comprometer por conta de uma pessoa. Ele afirmou, porém, que o partido não discutiu a situação, não pensa ainda no sucessor, e que espera esclarecimentos de Novais.
Em reunião com Novais, Henrique Alves pediu que ele refletisse sobre o desgaste que a sua permanência no governo vai trazer ao PMDB e a si próprio. Antes, em reunião com peemedebistas, o líder sinalizou que é mais importante manter o ministério com o partido, do que Novais no comando.
Alves deu um novo ultimato para Novais, que deve responder se fica ou não até as 15h de hoje. Apesar do apoio mais fraco do PMDB, o ministro conta ainda com o aval do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Apesar de Henrique Alves estar na linha de frente das negociações sobre o Ministério do Turismo, Sarney é tão ou mais responsável pela indicação de Novais. Há informações de que Sarney teria se irritado com as notícias da demissão.
O PMDB e o Planalto esperam o vice-presidente, Michel Temer, chegar de São Paulo, onde se recupera de infecção intestinal, para decidir o futuro do ministério. A presidente Dilma Rousseff já marcou reunião com Temer para tratar da sucessão. O governo espera a carta de demissão, a pedido, para hoje.
A oposição estuda acionar o Conselho de Ética da Câmara com denúncia contra Novais, que é deputado licenciado, e Francisco Escórcio por quebra de decoro parlamentar. O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, já anunciou ontem que o Ministério Público vai investigar a denúncia de pagamento indevido à governanta.
BRASIL247
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